Autor(a): Michael Cunningham
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 252
ISBN: 9788528620313
Ano: 2015
- Livro recebido em parceria com a editora.
Sinopse: Barrett Meeks, que acabou de perder mais um amor, está à deriva. Ao atravessar o Central Park, ele se vê repentinamente inspirado a erguer os olhos para o céu, onde uma luz pálida e translúcida parece encará-lo de uma forma nitidamente divina. Ao mesmo tempo, seu irmão mais velho Tyler, músico viciado em drogas, tenta em vão escrever uma canção de amor para sua noiva, Beth, que está gravemente doente. Barrett, assombrado por aquela luz, inesperadamente recorre à religião. Tyler, por sua vez, se convence cada vez mais de que apenas as drogas serão capazes de dar vazão à sua verve criativa mais profunda. E enquanto Beth tenta encarar a morte com o máximo de coragem possível, sua amiga Liz, uma mulher mais velha — cínica, porém perversamente maternal —, lhe oferece ajuda. Guiados pela narrativa sublime de Michael Cunnningham, acompanhamos Barrett, Tyler, Beth e Liz à medida que trilham caminhos definitivamente distintos em sua busca coletiva pela transcendência. Numa prosa sutil e lúcida, o autor demonstra uma profunda empatia por seus conflituosos personagens, além de uma compreensão singular daquilo que reside no âmago da alma humana.
"Vazios vastos e frios eram os domínios da Rainha da Neve. O brilho cintilante da aurora boreal podia ser nitidamente visto, quer bem alto ou nem tanto no céu, de qualquer parte do castelo. No centro do salão vazio e interminável de neve havia um lago congelado, cuja superfície exibia milhares de formas, cada qual lembrando uma outra por ser, em si, perfeita como uma obra de arte, e no meio desse lago sentava-se a Rainha de Neve quando estava no palácio. Seu nome para o lago era 'O Espelho da Razão', e ela dizia ser este o melhor e, com efeito, o único espelho no mundo.
A Rainha da Neve é um desses
livros que te coloca para refletir. É uma história ao mesmo tempo tocante e
engraçada e um tanto trágica. Essa é a primeira vez que eu leio algo do autor e posso descrever
seus personagens como intrínsecos e com histórias muito “reais” que pode estar
acontecendo por aí com qualquer pessoa. Os personagens possuem histórias
difíceis cada um com seus problemas e um teor psicológico bastante intenso e
dramático. Temos vários personagens, envolvidos na trama, porém o foco é nos
irmãos Barrett e Tyler; que vivem suas vidas decadentes quando deveria ser muito
melhores – Barrett, Tyler e Beth (namorada de Tyler).
A história tem início com Barrett (38 anos) que terminou uma relação, ou melhor, terminaram com ele (mais uma vez), sem mais nem menos; através de uma mensagem de sms – moderno; impessoal e direto. Ele fica completamente decepcionado ou incomodado como as coisas aconteceram e se lamentando com a situação, pois é algo já recorrente, parece sempre que ele está conectado na relação, amando e a outra pessoa da relação sempre tem um motivo para terminar. Ele resolve olhar para o céu e de repente algo inusitado ocorre; uma visão de uma luz misteriosa no Central Park; uma luz pálida, translúcida, linda; algo divino, celestial; que o põe a pensar e refletir.
"Tyler é o ajuizado ali. em Beth encontrou, finalmente, alguém mais romanticamente visionário que ele. Beth, se acordasse, provavelmente lhe pediria para deixar a janela aberta. Adoraria a ideia de o quartinho apertado e abarrotado (os livros se amontoam e Beth não abandona o hábito de levar para casa tesouros que encontra na rua - o abajur da dançarina de hula, que, teoricamente, pode receber nova fiação; a mala de couro surrada; as duas cadeiras raquíticas e efeminadas) lembrar um globo de neve em tamanho real."
Tyler (43 anos) vive um drama particular
com sua namorada Beth morrendo aos poucos em estágio terminal, ele um viciado
em drogas decadente, trabalha em um bar a noite e vive meio que delirante por conta
das drogas. Que em alguns momentos parece lhe dar mais lucidez e em outros o
leva a pensamentos longos e inconstantes.
"A dor de Tyler, uma dor menos, a umidade de sua engrenagem interior, todos esses elétrons que zumbem e faíscam em seu cérebro, foi enxugada pela cocaína. Um instante atrás, estava sem foco e mordaz, mas agora - após uma rápida inalada de pura magia - ele é todo acuidade e verve. Despiu a própria fantasia, e seu genuíno figurino de si mesmo lhe cai à perfeição."
Ambos os personagens estão em busca de algo mais, algo que os conecte no meio de tantas decepções, incertas e inconstâncias. Tentam entender o que há com eles mesmos, ou ao redor. Tentam entender o mundo, as pessoas, e a alma. O que temos e somos; para onde vamos! Tyler acredita que se afundar nas drogas é a solução para ver melhor, ser mais criativo e dinâmico.Beth está apenas esperando a morte, parece já ter desistido de si, vive deitada e desenganada.
"- existe uma beleza descarnada produzida pela claridade pré-aurora; uma sensação de esperança comprometida, mas ainda viva."
O autor nos conduz com maestria por tragédias pessoais, nos contando como tudo passou a ser da forma que é nos dias atuais dos personagens, cada escolha que os levaram aquele momento, porém o mesmo também nos mostra como pouco a pouco as coisas podem mudar como nada é constante e sólido o suficiente que não possa ser transformado; gostei muito da forma como Barrett se saiu e deu uma guinada, assim como Tyler passou a ter ciência de que não precisa das drogas em si para ser criativo ou músico, ou fazer algo melhor.
O livro é cheio de reviravoltas, poesia, realidade tocante e marcante, sem cortinas de fumaça para encobrir o que não é belo. Ele nos mostra a verdade nua e crua de seus personagens e o que acontece com eles através de suas escolhas.
"Deus te abençoe, Barret, é o desejo do seu irmão mais velho no apartamento do quarto andar da Avenida C. Não exatamente um olho no céu, mas, afinal, só podemos oferecer o que temos, certo? A bênção de seu irmão levemente perturbado, que não consegue prover romance, mas provê intimidade e libertação.Conheço você. Já vi isso. E, tudo sabendo, liberto você."
Não conhecia Michael Cunningham, também nunca vi A Rainha da Neve antes, mas, com certeza, a capa despertou a minha atenção para o livro. Mas, o que me chamou ainda mais a minha atenção foi a construção dos personagens, cada um com um problemas, um psicológico diferente dos outros, uma história de vida muito construtiva. Gostei bastante da premissa que o escritor proporcionou.
ResponderExcluirNunca li nada do autor, ao menos de acordo com o que lembro, mas gostei da premissa do livro e sua resenha me deixou com vontade de embarcar nessa leitura.
ResponderExcluirGosto de livros que me façam refletir, que apresentem personagens que soam reais em diversos aspectos e seus dramas, sem mascarar ou dar a eles uma solução fácil para seus problemas, pois na vida real isso nunca acontece. Acho belo, e ao mesmo tempo cruel, que o autor leve o leitor a se aprofundar no psicológico de personagens tão destroçados.
Sua resenha está ótima e colocarei o livro na lista.
Abraços
Também não conhecia o autor e o livro, mas achei a capa perfeita e o livro em si parece ser ótimo. Esse tenho muito interesse em ler.
ResponderExcluirNão conhecia o livro nem o autor. Mas gostei da capa. Não costumo ler livros com esses temas. Se fosse pra ler leria bem mais pra frente, não agora.
ResponderExcluirParece ser um livro pra gente refletir,os personagens são bastante impactantes e realistas e a história do livro é bem profunda gostei do livro mais no momento não leria.
ResponderExcluirbjs
Sabe a capa é a coisa mais linda que já vi, infelizmente livros assim não são a minha praia, historias com um enredo meio psicológico tendem a me dar um sono daqueles. Mas eu se ei ganhasse esse livro eu gostaria disposta da dar uma chance a lê-lo, afinal com sua resenha deu pra ver que talvez esse livro vale a pena. Adorei a resenha e que bom que gostou do livro.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas inicialmente a capa e o título me chamaram a atenção.
ResponderExcluirSua resenha está muito boa, lendo a sinopse acredito que irei gostar de A Rainha Da Neve e por esse motivo adicionei ele em minha lista de leituras, pretendo lê-lo em breve.
Hello!
ResponderExcluirBertrand sempre capricha nas capas ne? Gostei dessa capa e nao tinha escutado falar do livro antes.
Tenho lido poucos livros que me fazem refletir e esse me pareceu uma boa ideia pra sair dos romances hots que ando viciada, hehe.
Achei interessante o modo como explicou sobre os personagens, em que os mesmos tem seus problemas e um teor psicológico bastante intenso e dramático, acho que realmente aproxima da vida real.
Gosto de histórias com reviravoltas, acho que me deixa ainda mais louca para saber de tudo, hehe.
Esse eu vou ler, sua nota foi alta, acho que vou gostar.
Beijos.
https://meumundinhoficticio.blogspot.com.br
Gosto muito de histórias que tenham humor, acontecimentos que te fazem refletir sobre a vida e qe seja bem emocionante. Não conhecia o livro e me interessei muito, acho que vou me emocionar bastante.
ResponderExcluirO enredo parece daqueles que tem um pé na realidade, talvez por conta dos problemas dos personagens. Gostei muito da capa,e vou anotar a dica.
ResponderExcluirBjs, Rose.
Parece ser realmente um livro muito interessante. Se coloca o leitor para refletir, melhor ainda. Além disso, gosto das obras quando os autores trabalham as tragédias pessoais a fim de tocar o leitor. Comigo, geralmente isso funciona.
ResponderExcluirDesbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de outubro. Serão seis livros para três vencedores.
Oi Karini!
ResponderExcluirNão conhecia essa obra ainda, mas me interessei bastante pela premissa da história, tem tudo pra ser uma ótima leitura eee pelo visto, pra você foi, hahaha, gostei da forma que você falou, de o livro ser marcante, ter várias reviravoltas e um "quê" de poesia, é bem diferente do que to acostumada a ler, enfim, fico feliz que tenha gostado da leitura, parabéns pela resenha, Bjos.
Karini,ao ler a sinopse fiquei com muita vontade de conhecer,mais de perto a trajetória de Barret,Tyler,Beth e Liz.Se ele nos coloca para refletir a minha vontade superabundou para lê-lo.Amo histórias que sejam ao mesmo tempo tocante e engraçada e com tragédia(só em histórias),sim são personagens no meio de tantas decepções.Legal Barret dar uma guinada,Tyler passar a ter ciência de que não precisa das drogas melhor ainda.Mil beijinhos!!!
ResponderExcluirOi Karini! Não conhecia o autor e nem o livro, mas gostei bastante da história do livro pelo que foi dito na resenha! Livros para refletir são sempre bons e construtivos :) Gostei bastante e vou procurar para ler! Beijos!
ResponderExcluirSou fã do autor. Não li ainda A Rainha da Neve, mas recomendo principalmente As Horas e Uma casa no fim do mundo. Ambos são livros essenciais e ganharam adaptações para o cinema.
ResponderExcluir