Resenha #328 - Os vivos e os mortos - Susan Beth Pfeffer - Bertrand Brasil


Título: Os vivos e os mortos
Os últimos sobreviventes #2
Autor (a): Susan Beth Pfeffer
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528620245
Ano: 2016
Páginas: 336


- Livro recebido em parceria com a editora


Sinopse: Um meteoro em rota de colisão com a Lua: um evento astronômico previsto com antecedência pelos cientistas. Só que para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e a Lua sai de órbita, aproximando-se da Terra e alterando de modo catastrófico o clima do planeta. À medida que Nova York é devastada e tanto comida quanto ajuda tornam-se escassas, o adolescente porto-riquenho Alex Morales luta para manter suas irmãs, Bri e Julie, de 14 e 12 anos, a salvo. Com os pais desaparecidos, cabe a ele assumir responsabilidades inimagináveis e dar o seu melhor para sobreviver enquanto reza para que o restante de sua família volte com vida para casa.
" - Deus, tenha misericórdia - rezou - E em dê forças."

Os vivos e os mortos é o segundo livro da série Os últimos sobreviventes de Susan Beth Pfeffer, apesar de ser o segundo livro da série ele não é uma continuação. Em Os vivos e os mortos iremos acompanhar a história de Alex e suas duas irmãs, Bri e Julie, após a colisão da lua com a terra.

O cenário é outro, estamos em Nova York, Alex é um jovem de 17 anos, inteligente, dedicado e preocupado com os estudos, e é o segundo filho de pais imigrantes. Seu irmão mais velho, Carlos, agora é fuzileiro naval na California, sua mãe trabalha como instrumentista em uma hospital no Queens e seu pai é o zelador do prédio onde moram. Briana de 14 anos é sua irmã preferida e tem uma inclinação para a vida religiosa, já Julie a irmã mais nova é a queridinha de Carlos, e segundo Alex a mais mimada e irritante também.

Quando um meteoro colide com a lua tirando-a de sua órbita, Nova York como o resto do mundo sofre com os efeitos catastróficos do evento. A mãe de Alex é escalada para trabalhar na emergência do hospital. Já seu pai está em Porto Rico para o funeral da mãe. Alex, Bri e Julie estão sozinhos em casa e impossibilitados de falar com os pais, afinal o telefone e a internet não funcionam, restando a eles esperar por notícias.

Alex sendo o mais velho assume a função de proteger e cuidar das irmãs mais novas e torce para que ninguém perceba que eles estão sozinhos em casa. Alex tenta manter a rotina, apesar de estar aflito por falta de notícias da mãe e do pai. Ele continua frequentando o colégio assim como suas irmãs. As poucas notícias que recebe é do padre da igreja que a família frequenta. O metrô para o Queens foi inundado na noite da colisão, e mesmo que Alex não queria acreditar é bem capaz que sua mãe não tenha conseguido chegar ao hospital. Mesmo com a ajuda do padre o pouco que se sabe de Porto Rico é que as cidades litorâneas foram dizimadas pelos tsunamis. O único acalanto de Alex nos últimos dias foi receber a ligação de seu irmão Carlos, dizendo que seria transferido para o Texas.

Alex é um rapaz obstinado, ele não mede esforços para encontrar a mãe, mesmo que seja morta. Quando descobre que o governo enviou milhares de corpos para um campo de futebol, ele consegue permissão de ir lá procurar pela mãe. A visão do lugar é desoladora, milhares de corpos enfileirados, alguns já em estado avançado de decomposição, pessoas chorando e outras com máscaras descartáveis e sacos para vômito perfiladas a percorrer o imenso campo em busca de seus desaparecidos, felizmente ou infelizmente Alex não encontra sua mãe. Mas isso não significa que ela esteja viva, o não saber o consome.

O suprimento de comida de Alex e as irmãs é pequeno, sem os pais e sem dinheiro fica cada vez mais difícil conseguir uma refeição decente. Surge então a oportunidade de enviar Bri para um convento onde as freiras estão recolhendo adolescentes católicas. Mesmo não querendo se separar da irmã, Alex entende que a vida de Bri será melhor no convento, onde ele terá três refeições por dia. Cabe a ele agora a incumbência de cuidar apenas de Julie, a irmã preterida, que se mostra uma garota forte, capaz de passar por maus momentos e não reclamar.

Alex e Julie passam a contar com a refeição que a escola oferece a eles, com a decadência da sociedade o escambo se torna usual. Trocar mercadorias por comida é algo que Alex aprende com um amigo, eles fazem compras nos mortos espalhados pela ilha. Casacos, relógios, sapatos e até óculos são recolhidos dos corpos e trocados por comida. 

Com o passar da história fica evidente como a fé de Alex vai minando, cada vez fica mais difícil conseguir comida, e para ajudar a falta de sol, o inverno rigoroso e as cinzas vulcânicas contribuem para que o convento mande Bri de volta pra casa, aumentando a responsabilidade de Alex.

Como no primeiro livro o sofrimento e a decadência física da família de Alex é algo angustiante. Não há como ficar indiferente diante do sofrimento deles. Com cenas fortes e bem detalhadas conseguimos nos ver no meio de um inferno congelante, sem comida, energia elétrica e sem esperança. Quando milhares de corpos espalhados pelas ruas não desperta em nosso protagonista repudio ou mesmo compaixão, percebemos o quanto o sofrimento modifica as pessoas.

Susan narra essa história de forma única, nos leva a uma viagem angustiante e nos faz pensar no que faríamos se isso realmente acontecesse. Nos faz refletir sobre tudo que temos e não damos valor, ou tudo que postergamos acreditando que o amanhã sempre nascerá. Os vivos e os mortos nos traz uma nova história, com novos dramas e novas superações, que gira em torno de um mesmo evento. Adorei a leitura e recomendo.

"Alex pensou  em todas as orações  que fizera nos último quatro meses e em como tão poucas foram respondidas. Mas porque Deus ou mesmo a Virgem Maria ouviriam suas orações, perguntou a si mesmo, quando uma lata de atum era mais importante para ele do que o sofrimento de Jesus Cristo?"


2 comentários

  1. Poxa que legal, apesar de ser um livro que segue a mesma premissa do outro pode ser lido separadamente sem nenhuma perca de história. A-do-rei, acho que esse tipo de livro está sendo artigo raro, livros independentes. Mas esse livro eu achei que deve ser um pouco menos interessante que o outro! Estou querendo ler, mas o outro me chamou mais a atenção... A capa está tão bela como o outro, e segue o mesmo padrão!

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  2. Parece ser um livro bem interessante,quero ler,adorei a resenha.

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